Falando em tempo.... palmas para Colleen Houck pelo andamento de suas histórias em cada livro. Os acontecimentos acontecem sem pressa alguma, mas também sem enrolação. Ela nos faz roer as unhas e desejar dar uma olhadinha discreta no final do livro, de tão ansiosos q ficamos. A autora também explora a cultura indiana de forma clara e não massante, transmitindo curiosidades interessantes e encaixando-as corretamente na história em questão.
Dois livros já foram lançados aqui no Brasil: A maldição do Tigre e O resgate do tigre. O terceiro livro da série, A viagem do Tigre, já foi lançado nos Estados Unidos e a versão em português está prevista para chegar por aqui em novembro. O quarto volume, intitulado O destino do tigre, está previsto para ser publicado no início de setembro nos Estados Unidos, mas não consegui encontrar uma previsão para o Brasil.
Resenhas:
A maldição do Tigre (Livro 1)
Vamos começar com uma pergunta: QUE CAPA É ESSA??? Quem fez o design com certeza levou a sério aquele dito de julgar o livro pela capa. Tenho que admitir que quando vi na livraria eu nunca tinha ouvido falar na série, mas comprei porque fiquei hipnotizada por essa capa maravilhosa! :D
Quanto a história, eu achei um pouco estranho o modo como a autora explica a ida de Kelsey a Índia. Ela vai trabalhar em um circo nas férias, conhece o tigre, se dá bem com ele, aparece um cara (Sr. Kadam) que compra o tigre para levá-lo a uma reserva ecológica na Índia, pergunta se ela quer ir para ajudá-lo a se estabelecer e ela vai. Ah... e os pais adotivos são totalmente positivos com essa ideia. Lembrando que ela é menor de idade... Enfim, tirando isso eu adorei o livro. Lembro o que senti quando Ren apareceu pela primeira vez, quando sua história foi explicada, quando eles conheceram Durga e quando, juntos, foram buscar o primeiro artefato da deusa. Novamente, reitero o que disse sobre o ritmo com que a trama se passa. Ren e Kelsey vão se conhecendo, aprendendo a confiar e a gostar um do outro. Não tem aquele "eu te amo e se você me deixar eu vou morrer" no segundo capítulo do livro, ou, pensando melhor, em nenhum dos capítulos. O amor que nasce entre os dois é novo, mas maduro, e é isso que nos faz gostar tanto do livro.
Aí vai um pedacinho do sétimo capítulo, quando Kelsy descobre que seu tigre é, na verdade, uma pessoa:
"Virando-me lentamente, deparei com um rapaz bonito de pé bem à minha frente. Parecia jovem, com 20 e poucos anos. Era uns 30 centímetros mais alto do que eu e tinha o corpo forte e esbelto, vestido em roupas largas de algodão branco. Sua camisa de mangas compridas estava para fora da calça e parcialmente desabotoada, deixando ver um tórax liso, largo e de um tom de bronze dourado. A calça leve estava enrolada na altura do tornozelo, realçando os pés descalços. Os cabelos, negros e lustrosos, estavam penteados para trás e se encaracolavam ligeiramente na nuca.
Seus olhos eram o que mais me chamavam a atenção. Aqueles eram os olhos do meu tigre, o mesmo tom cobalto profundo.
Estendendo a mão, ele falou:
- Oi, Kelsey. Sou eu, Ren."
O resgate do tigre (Livro 2)
Acho que não tenho absolutamente nada a reclamar. Empolgante do início ao final! Neste volume da série, Kelsey, de volta e sozinha no Oregon, começa a se preparar para as próximas tarefas que terá que realizar para quebrar a maldição. Aulas de Wushu na academia, e de relações internacionais e costumes indianos na faculdade, são algumas das preparações da garota para os desafios que possa encontrar. Sua relação com Ren se mostra muito mais madura e intensa, mas é Kishan quem rouba a cena. Como o nome do livro sugere, juntos, Kishan e Kelsey terão que resgatar Ren, capturado por Lokesh nos primeiros capítulos. Se só queríamos saber de Ren no primeiro livro, este segundo nos faz confundir nossas opiniões. Conhecendo melhor Kishan, parte de nós começa a torcer por ele também, ou pelo menos, que possa existir uma versão dele de verdade. O resgate do príncipe, acrescido do ritmo lento com que o livro se passa, nos deixa tensos durante toda a trama. Me vi falando sozinha várias vezes: "Tá bom.. já entendi... passa logo pra parte que o Ren está de volta!", e isso só fez com que eu não conseguisse largar o exemplar nem para almoçar! Mas o ponto alto (ou baixo, não decidi ainda.. rs) do livro é o final. Não vou estragar pra quem não leu, mas só vou dizer uma coisa: COMO ASSIM????? Fechei o livro e fui direto encomendar o terceiro.
Aí vai um pedacinho do décimo capítulo, quando Ren é capturado:
"Eu estava sendo carregada rapidamente por entre as árvores, mas Ren não nos seguia. Ele ainda lutava, enquanto os agressores fechavam o cerco em torno dele. Tornou a se transformar em tigre. Eu o ouvi rugir de fúria e dor e soube, em meio à névoa que tomava conta da minha mente, que não era o sofrimento físico que o fazia gritar. Não poderia ser, pois eu também o sentia. A dor horrível e dilacerante era porque eu tinha sido tirada dele. Sem conseguir manter os olhos abertos, estendi a mão e agarrei debilmente o ar.
- Ren! Não! - implorei, antes de despencar na escuridão."
A viagem do tigre (Livro 3)
Depois desse livro confesso que mantenho uma relação de amor e ódio com a história. A Kelsey me irritou profundamente... Lembro de conversar com meu namorado sobre o livro e falar inúmeros vezes "ah... to irritada!". Maaaaaaaaaaaaaaaas, como sempre, provavelmente foi isso que me fez ler o livro sem parar, e desejar desesperadamente que o próximo volume saísse logo (Colleen Houck, sua espertinha!).
Dessa vez, Kelsey, Ren e Kishan estão juntos na busca do próximo artefato de Durga. Sr Kadam e Nilima também se juntam a eles muitas das vezes. Meu espírito biólogo marinho amou esse livro, que se passou 90% do tempo no mar, já que se tratava de um artefato do elemento água. Ren se fez muito mais presente do que no livro anterior, e muito mais sedutor e malicioso... Kishan, por sua vez, aparece mais como um coadjuvante e se mostra com uma personalidade mais calma, paciente e madura. Kelsey está uma bagunça durante toda a trama, confusa sobre qual dos irmãos ela vai escolher. Uma coisa que me chamou atenção no livro foi: Eita povo que come! Eles deviam almoçar 5 vezes por dia, comer um lanchinho umas 4 vezes e jantar uns 7 vezes. Exageros a parte, não sei como os personagens não explodiram ou saíram rolando por aí.
Como sempre, Colleen Houck nos deixa com um final estilo "Como assim!?!?!?", e com uma ansiedade de saber como tudo vai terminar.
Se você ainda não leu o segundo livro, não leia o final desta resenha, pois ela contém spoiler!!!
Aí vai um pedacinho do décimo oitavo capítulo, quando Ren recupera a memória:
"That's when I felt it. Under the hurt, under the layers of torment, there was something solid, something strong, something unbreakable. It was back. The bridge between Ren and me had been rebuilt. It was hidden under waves of pain. It was flooded over, but it was there, and it was rock-hard and firm. I took several steps toward him, but Kishan held me back."
"Foi quando eu senti. Por trás da dor, por trás das camadas de tormento, existia algo sólido, algo forte, algo inquebrável. Estava de volta. A ponte entre Ren e eu fora reconstruída. Estava escondida atrás de ondas de dor. Estava inundada, mas estava lá, e era dura como pedra e firme. Eu dei alguns passos na direção dele, mas Kishan me segurou."